Em entrevista, o sociólogo Paulo Cesar Fraga revelou que boa parte da cannabis consumida no país vem da agricultura familiar do sertão de Pernambuco e da Bahia, contrariando o mito de que no Brasil se fuma maconha paraguaia; estudioso acredita que o governo deve rever a política de drogas em relação ao plantio – o que poderia contribuir com o desenvolvimento econômico dessas regiões
Por Redação
Contrariando o senso comum de que o Brasil é apenas um consumidor ou uma rota do tráfico de drogas, a região do Nordeste já produz cerca de 40% de toda a maconha consumida no país. O dado foi revelado pelo sociólogo Paulo Cesar Fraga em entrevista à Carta Capital.
“Há um mito de que a maconha consumida no Brasil venha do Paraguai, de que não é um problema nosso. Na verdade, a agricultura familiar e tradicional do sertão nordestino já produz 40% da maconha consumida no país”, disse.
Na entrevista, Fraga refere-se ao chamado “Polígono da Maconha”, região do Nordeste composta por 13 cidades: Salgueiro, Floresta, Belém de São Francisco, Cabrobó, Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Petrolina, Carnaubeira da Penha e Betânia, todas em Pernambuco, e Juazeiro, Curaçá, Glória e Paulo Afonso, na Bahia.
De acordo com o sociólogo, o plantio de cannabis na região deve-se, principalmente, ao baixo investimento de governos para o desenvolvimento daqueles municípios. A agricultura familiar e ilegal, neste sentido, faz-se uma alternativa ao poderio do agronegócio.
“É lamentável que o Brasil não reveja suas leis sobre a produção de cannabis e essa região não possa se transformar em um polo legal para fins medicinais do uso de cannabis, por exemplo, ou de produção têxtil e, mesmo, para fins recreativos. Sei que a questão não é simples, mas precisamos enfrentá-la”, analisou o pesquisador.
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